"Um povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la." A frase de George Santayana ressoa não apenas no espaço íntimo da clínica, mas também no tecido social. Freud chamou de "compulsão à repetição" a força inconsciente que nos leva a reviver, sem perceber, os mesmos roteiros de sofrimento.
Assim como o sujeito retorna a antigos padrões nos seus relacionamentos e escolhas, uma sociedade pode retornar, quase cegamente, aos mesmos discursos, gestos e formas de poder que já produziram feridas no passado. O que não é lembrado e elaborado não desaparece — insiste em retornar, com novas roupagens, mas a mesma lógica.
O trabalho da análise — seja da vida psíquica ou da vida coletiva — é um exercício de memória e de consciência. Ao nomear o que parecia indizível, ao conectar pontos entre ontem e hoje, a repetição automática pode se transformar em possibilidade de mudança.
Andar em círculos é permanecer no mesmo lugar; já a espiral, embora pareça circular, conduz a um ponto de chegada distante do ponto de partida. A diferença entre repetir e elaborar está justamente aí: em transformar a repetição em caminho, e não em alienação.
Conhecer a própria história não é apenas um ato intelectual, mas um gesto de responsabilidade. Só assim podemos interromper o ciclo em que o passado retorna como caricatura, e a democracia se torna palco de ecos antigos travestidos de novidade.
Texto publicado pelo psicólogo Daniel Good God em 15/09/2025
(www.psicologiaecultura.com.br/perfil.php?id=1)
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